Todos os anos, quando dentre as folhas verdes surgem os primeiros frutos da ameixeira, lembro-me da frase: "a ameixeira amadureceu".
Há muito tempo, viveu na China um Mestre Zen chamado Daibai Hojo, cujo nomes significa "a grande ameixa de eterno Darma". Depois de estudar com Mestre Basô Doitsu, isolou-se nas montanhas distantes e por mais de trinta anos perseverou na prática do zazen. Ele usava um manto feito com folhas gigantes de lótus, que cresciam abundantemente em um brejo, e se alimentava apenas de sementes de pinheiro.
Certo dia, chegou à sua cabana de eremita um monge que havia se perdido, perguntando-lhe como sair da montanha e chegar à aldeia mais próxima. Daibai responde:
"Siga a correnteza e saia", ou seja, basta seguir o curso do rio para sair das montanhas.
A poetisa Wariko Kai escreveu o seguinte poema:
Há rochas
Há raízes de árvores
Chuá chuá chuá chuá
Só chuá chuá, água fluindo
Pensando de modo egocêntrico, chegaremos a desejar que as rochas e as raízes não existam. No entanto, se mudarmos o ponto de vista, poderemos perceber que as rochas e raízes integram a paisagem de maneira deslumbrante. É justamente por sua causa que o rio se torna atraente. A visão das ondas nelas se fragmentando está além de qualquer descrição.
As rochas, raízes e respingos d'água são aspectos da grande natureza. A alegria, a raiva, a tristeza e todos os sentimentos humanos enfeitam a nossa vida. Percebendo isso, podemos viver serenamente, aceitando tudo o que acontece, e seguimos fluir como a água. Que simplesmente corre, acomodando-se a todas as formas, sem se apegar a nada.
Shundo Aoyama Rôshi
Para uma Pessoa Bonita
Shundo Aoyama Rôshi
Para uma Pessoa Bonita
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