As Cinco Lembranças




1. Eu tenho a natureza daquilo que envelhece. Não há como escapar da velhice.  
2. Eu tenho a natureza daquilo que adoece. Não há como escapar da doença.  
3. Eu tenho a natureza daquilo que morre. Não há como escapar da morte.  
4. Tudo que me é caro e todas as pessoas que amo tem a natureza daquilo que muda. Não há como não me separar deles.
5. Minhas ações de corpo, fala e mente são meus únicos pertences verdadeiros. Não há como escapar da conseqüência de minhas ações. Elas são o chão no qual eu piso.

Essência da Mente



O cavalo Vazio
Cavalga o Vazio

Alguns grandes meditantes não crêem na sua mente, que a essência da mente é vacuidade. Eles pensam que ela é, depois que não é, e criam muitas dúvidas. É um erro não compreender a essência da mente. Não é preciso duvidar. Sua mente é vazia desde o início, assim permaneça simplesmente no estado de vacuidade. Se as dúvidas surgem, permaneça exatamente sobre as dúvidas.


(Patrul Riponche) 

Histórias que Mudam o Mundo



O mundo não é estático, grandes ou pequenas histórias de mudança acontecem todos os dias ao nosso redor. E cada uma delas tem seu papel na construção coletiva da história humana. Partindo da certeza de que cada trajetória transforma, o Museu da Pessoa lança a campanha Histórias que Mudam o Mundo, ação que reunirá num painel colaborativo vídeos com histórias de mudança de todo o país.

Meditação como caminho, a base da lucidez

Nada Buscar



Alguns grandes meditantes não permanecem como seria necessário, sobre a mente em-si, mas buscam inutilmente a mente aqui ou ali. Olhando e buscando desse modo aqui e ali, a mente não pode ser compreendida. É o erro de não compreender o sentido real. Não temos necessidade de olhar e buscar aqui e ali. Permaneçamos simplesmente na mente que olha e que busca aqui ou ali.

Alguns grandes meditantes não deixam sua mente permanecer sobre os pensamentos se há pensamentos, e sobre ausência de pensamentos se não há pensamentos. Eles pensam que os pensamentos vêm de algum lugar distante, e vão então olhar e buscar aqui ou ali e, desse modo, eles não reconhecem a sua mente. Não é preciso olhar ou buscar aqui ou acolá, deixem simplesmente suas mentes permanecerem sobre os pensamentos se há pensamentos, e sobre a ausência de pensamento se não há nenhum.


(Patrul Riponche) 

Difícil de Apreender




Alguns grandes meditantes dizem que a natureza da mente é difícil de apreender. Não é tão difícil assim. O erro está em não compreender a meditação. Não há necessidade de buscar a meditação e não há necessidade de adquiri-la. Não há necessidade de faze-la e não há necessidade de trabalhar na meditação. É suficiente permanecer no estado que permite o livre surgimento de tudo o que pode aparecer na mente. Desde sempre, nossa mente está presente, então não há necessidade de perder ou de encontrar, de ter ou de não ter, a mente está presente desde sempre; então quer pensemos em não pensar ou não, esta mente está justamente em si mesma. O que quer que surja na mente, é suficiente permanecer sem artificialidades, calmamente e sem vacilar sobre tudo o que se produz. Alegria e felicidade virão sem esforço. Quando a prática do Dharma parece difícil, é simplesmente o sinal de nossos próprios erros e marcas.

(Patrul Riponche)

Tristeza e Meditação

 

Alguns grandes meditantes, homens e mulheres, pensam que não são capazes de reconhecer a natureza da mente, assim se tornam tristes e deixam correr numerosas lágrimas. A tristeza não é necessária. Não há fundamento no fato de não reconhecer. Permaneçamos simplesmente sobre aquele que pensa que não é capaz de reconhecer a natureza da mente.

(Patrul Riponche)



Giri, Gisei, Gamam e Ganbaru





O Bushido e o Zen, influenciaram todos os aspectos da vida japonesa, suas crenças filosóficas e espirituais, sua etiqueta, sua vida familiar, sua maneira de vestir, de pensar, seu trabalho, seu senso de estética e sua forma de se divertir.
Essa influência se deve a 4 princípios derivados dessas artes, chamados de os Quatro G (s).

1-  Giri: Significa obrigação, dever.
Esse princípio liga as pessoas a tipos e graus específicos de obrigações com seus professores, mentores e superiores hierárquicos. Giri trás um profundo senso de honra e orgulho e, aqueles que seguem o Giri (professores, mentores e superiores), sacrificam sua vida pessoal a serviço aos seus subordinados.
Se alguém faz qualquer coisa para vc, vc começa a carregando uma obrigação ou como se diz no Japão (On). Um ON (dever ou obrigação) pode ser bom ou mal. Pode ser uma coisa grande ou ate mesmo insignificante, como um amigo que trás para vc um presente de uma viagem, ou um insulto a sua honra.
Como não deixar de cumprir com todas as suas obrigações decorrentes da quantidade de On acumulado? Talvez o amigo que lhe tenha presenteado, nem se lembre mais do ato, então pq se preocupar com isso? Pq isso o transforma num ser especial, pq faz com que vc transceda os valores mundanos de ganho e perda.
Assim se comportando, vc passa a ser alguém que se pode confiar, não 99.9% do tempo, mas 100% do tempo.
O conceito de Giri demanda que todas as obrigações devem ser pagas e, os seus sentimentos pessoais nesta questão são completamente irrelevantes. Não importa que você não tenha pedido o presente, talvez nem tenha gostado, mas vc acumulou On e o Giri te obriga que essa obrigação seja correspondida.
Um velho provérbio japonês diz:  “A morte é mais leve que uma pena de pombo, se comparada ao Giri que é mais pesado do que uma montanha”.
Giri faz com que vc cumpra as suas obrigações como superior hierarquico ou como subalterno, afinal, cada um tem deveres a serem cumpridos, em funçaõ do cargo, posição etc que ocupa.

2 - Gisei: Significa sacrifício, em favor da comunidade.
Devemos sempre levar em conta a felicidade e a tranquilidade do grupo, o ganancioso pensamento individualista, produz muito sofrimento e dor e, esta dor acabará reverberando em nós mesmo.
A meta é conseguir unificar corpo e mente a tal ponto que não exista nenhuma diferença entre pensar alguma coisa e coloca-la em prática. Esse estado mental é chamado de Mushin ou Munen e significa, "sem mente", a mente se torna vazia de conceitos de bom ou ruim, de suportável ou insuportável, de tal forma que não intefere nas ações do corpo, apenas existe o trabalho a ser feito e o esforço de chegar a perfeição em qualquer ação.
Se todos numa comunidade pensarem assim, o trabalho fica dividido de forma equanime entre todos os membros do grupo, não exarcebando um em detrimento dos outros, a comunidade cresce, o esforço é diluido entre os membros e todos podem se beneficiar do esforço coletivo.
Tendo esse conceito em mente, não esperamos que outro faça aquilo que deve ser efetuado, sem discutir, sem se preocupar se os outros estão fazendo o que lhes cabe ou não, fazemos o que nos cabe o mais rápido, melhor e com a melhor perfeição possível.

3- Gamam Kurabe: Significa até a perfeição.
Gamam kurabe é aplicado a qq coisa, com o objetivo de perseverar ate que a maestria seja alcançada e superada. É o pensamento de nunca deixar de se esforçar para que algo possa ser realizado da forma mais correta e perfeita possível.
É estar sempre tentando melhorar aquilo que parece não ser possível melhorar. Um ditado japones diz: "Ki ga susumanai - Meu espirito nunca esta satisfeito", querendo dizer que sempre podemos fazer melhor, sempre podemos perseverar para que o trabalho saia mais perfeito e mais bonito.
No Japão antigo os meninos com idade de 7 anos eram entregues aos professores e com eles estudavam ate a idade média de 30 anos. O treinamento mais importantes era o de nunca parar de tentar aumentar e melhorar suas habilidades e nunca se sentirem satisfeitos com o grau que houvessem alcançado.

4- Ganbaru: Significa, segurar-se, manter-se firme, continuar tentando, não desistir.
No idioma japones existem palavras, que bem explicitam esse assunto, tais como: ganbarimasu - eu não desistirei, ganbarimashou - nós não vamos desistir, ganbate imasu - continue tentando, não esmoreça.
Um ditado japones: "Não se faz uma espada acariciando um pedaço de ferro"
É comum praticantes de Zen desistirem depois de um certo tempo de prática, achando que o esforço não vale a pena, que o caminho é muito íngreme, que os resultados são muito pequenos etc. mas o valor do sucesso depende em muito de seu esforço em alcança-lo, desisitir frente a qq dificuldade, não constrói um caráter inamovivel, inabalável.
Não se pratica o Zen para se chegar em algum lugar ou atingir algum estado mental específico, qd se pratica o Zen, já alcançamos esse estado mental.
A capacidade de manter-se firme mesmo perante as maiores dificuldades nos capacita a superar todas as dificuldades, sejam elas quais forem e, encontra paralelo na cultura ocidental, conforme se pode observar no poema de Ruduard Kipling.
" Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas, em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas, por que deste a vida estraçalhadas, e refazê-las com o bem pouco que te reste.
Se és capaz de arriscar numa única parada, tudo quanto ganhaste em toda a tua vida.
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada, resignado, tornar ao ponto de partida.
De forçar coração, nervos, músculos, tudo, a dar seja o que for que neles ainda existe.
E a persistir assim quando, exausto, contudo, resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste!"

Monge Getulio Taigen