As três peneiras




Há muitos séculos atrás, num mosteiro Budista, após a cerimônia noturna, o Abade se retira para o seu merecido descanso e enquanto tomava calmamente o seu chá, à luz de apenas uma lamparina de óleo. Fazendo entreabrir a porta de correr, feita apenas de madeira e papel de arroz, entra um dos monges instrutores do templo, reverenciando profundamente o mestre.

Indagado pelo Abade sobre o motivo de sua visita a essas altas horas da noite, o monge lhe diz que o motivo de sua visita é contar ao mestre sobre alguns comentários que estão correndo no templo sobre um outro instrutor.

O Venerável Abade, então, lhe diz em sua profunda sabedoria:

- Calma! Antes de me contares algo que ouviste sobre outra pessoa, gostaria de lhe perguntar: Já fizeste passar essa informação pelas Três Peneiras da Sabedoria?

- Peneiras da Sabedoria, Venerável Mestre? Espanta-se o monge.

- Sim, as Três Peneiras da Sabedoria. Tudo o que ouvires falar sobre os outros, deve passar pelas Três Peneiras da Sabedoria, antes de ser retido, acreditado e repassado. Ouça com atenção e me responda: Tens absoluta certeza de que o que te contaram é realmente verdade?

- Não, não tenho certeza Venerável Mestre. Apenas sei o que me contaram. – Disse meio sem jeito o monge.

- Então, se não tens certeza, a informação já vazou pelos furos da primeira peneira que é a da profunda investigação da Verdade. Agora ela repousa sobre a segunda peneira, e por isso eu lhe pergunto: - O que tens a me dizer é algo que gostaria que dissessem sobre ti?

- De maneira alguma, Mestre! É claro que não! Diz o monge.

- Então tua estória acaba de passar pelos furos da segunda peneira que é a da compaixão, pois nunca deverias dizer ou fazer a alguém aquilo que não quisesses que fizessem ou dissessem de ti. Agora, tua estória repousa sobre a terceira e última peneira, e por isso lhe faço a última pergunta: - Achas que me contando essa estória sobre o seu irmão e companheiro de mosteiro, ela será útil a ele de alguma maneira?

- Não, Mestre, - respondeu já ruborizado o monge -. Refletindo profundamente, sob a Luz da Sabedoria, vejo que nada de útil poderia surgir dessas estórias e boatos.

- Então, essa estória acaba de vazar pela terceira peneira, para dissolver-se na terra. Nada restou para contar. E assim, lembra-te sempre que devemos ser como as abelhas que mesmo no mais imundo dos pântanos, buscam sempre as flores para delas retirar o doce néctar e nunca como as moscas que mesmo em um corpo sadio, buscam as feridas para delas se alimentar.

Fé sem Dualidade

 
 
"A fé é sem dualidade,
a não-dualidade é a fé".



Mestre Tozan encontrou, ao caminhar pelas montanhas, um eremita vivendo em uma pequena cabana. Perguntou-lhe as razões de sua vida naquela solidão. O eremita respondeu-lhe, "Em outro tempo, vi duas vacas que brigavam. Elas entraram no mar e desapareceram, as duas afogadas". Nada de oposição, nada de dualismo em nossa vida.

As conferências do Buda, os sutras, os koans falam do dharma, mas, ao fim e ao cabo, há apenas uma verdade absoluta: zazen. Algumas pessoas não praticam o zazen e discutem sobre o Zen e o budismo. São comparáveis ao gato que brinca com uma pedra preciosa ou ao bebê que se diverte com um monstro. Se conseguimos retirar as amparas em zazen, podemos descobrir a estrutura. Esse é o samadhi do Hokyo Zanmai, o s Espelho do Tesouro, segredo do Zen, essência do budismo.

Continuar o zazen aqui e agora...

Quando o Mestre Dogen voltou da China, abriu um dojo em Uji, no templo de Koshoji, e disse: "Voltei ao Japão sem nada, com as mãos vazias. Nada tenho sobre o budismo". E concluiu com esta frase célebre: "Uma vez, em quatro anos, na única manhã do décimo mês lunar, o galo cantou".

Taisen Deshimaru Roshi
Hokyo Zanmai - O Samadhi do Espelho Precioso

Vida Cotidiana




"As práticas espirituais só adquirem seu sentido na vida cotidiana. A relação com nossos pais, esposa, marido, filhos e colegas de trabalho, e também com os seres em todos os planos da existência, material e sutil, isto é o termômetro da prática. Um sinal grave é o desinteresse e a falta de compaixão. O isolamento e a prática formal são artificialidades - só se justificam pela remoção de obstáculos que eventualmente proporcionem. Todas as construções espirituais, ainda que meritórias, são esponja, água e sabão, ou seja, dispensáveis ao final."

(Lama Padma Samten)

Momentos com Coen Roshi

Neste final de semana compartilhamos momentos preciosos com Coen Roshi.
Obrigado por vossa compaixão e sabedoria!
Itchi go itchi e

Veja as fotos aqui:

Visita da Monja Coen

 
 
No mês de setembro Uberlândia receberá a visita da Abadessa Coen.
  
Palestra: Natureza Buda
Dia 11 de setembro, sexta, às 19:30.
Auditório do Colégio Nacional - Av Araguari, 100.
Levar um 01 litro de leite integral Longa Vida.
   
Caminhada Meditativa
Dia 12 de setembro, sábado, às 09:00.
Parque do Sabiá, próximo a entrada principal.

Samsara

  
O monge perguntou ao Mestre:
"Como posso sair do Samsara?"
O Mestre respondeu:
"Quem te colocou nele?"

Morte


O Imperador perguntou ao Mestre Gudo:
"O que acontece com um homem iluminado após a morte?"
"Como eu poderia saber?", replicou Gudo.
"Porque o senhor é um mestre... não é?" respondeu o Imperador, um pouco surpreso.
"Sim Majestade," disse Gudo suavemente, "mas ainda não sou um mestre morto."

Conhecendo os peixes



Certa vez Chuang Tzu e um amigo caminhavam à margem de um rio.
"Veja os peixes nadando na corrente," disse Chuang Tzu, "Eles estão realmente felizes..."
"Você não é um peixe," replicou arrogantemente seu amigo, "Então você não pode saber se eles estão felizes."
"Você não é Chuang Tzu," disse Chuang Tzu, "Então como você sabe que eu não sei que os peixes estão felizes?"

Borboleta

 
Certa vez o mestre Chuang Tzu sonhou que era uma borboleta, voando alegremente aqui e ali.
No sonho ele não tinha mais a mínima consciência de sua individualidade como pessoa. Ele era realmente uma borboleta.
Repentinamente acordou, e descobriu-se deitado ali, como um pessoa novamente.
Então ele pensou:
"Fui antes um homem que sonhava ser uma borboleta, ou sou agora uma borboleta que sonha ser um homem?"

Takuan

Mestre Takuan estava morrendo, um discípulo aproximou-se e perguntou-lhe qual era o seu testamento. 
Takuan respondeu que não tinha testamento, mas o discípulo insistiu:
- Não tendes nada ... Nada para dizer?
- A vida não passa de um sonho.
E expirou.

Shikantaza



Mestre Dogen disse: “Sem esperar o despertar, sem pesquisar o que é isto e simplesmente se sentar, tal é a via dos budas e patriarcas”. 
É zazen quem faz zazen, não vocês com suas idéias idiotas sobre o despertar.
Para largar o secundário e concentrar-se no essencial, a vida monástica é muito eficaz. Mas se pode-se praticar no meio da vida social, esta prática torna-se mais forte que a da vida monástica. Mas isto não é fácil. E isto não quer dizer fazer zazen apenas uma ou duas vezes por semana.

(Tokuda Igarashi Roshi)